sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Relato

Conectar-se à internet na China é uma aventura
RAUL JUSTE LORES
da Folha de S.Paulo, em Pequim


Um maremoto provocado pelo tufão que atingiu Taiwan na semana passada se tornou a mais nova calamidade da internet chinesa. Segundo a gigante estatal das telecomunicações, o maremoto avariou um cabo transoceânico que liga a rede ao país.

Conectar-se virou uma aventura --com interrupções frequentes e mais lentidão que o habitual.

Sem desastres naturais, a internet já é turbulenta. Facebook e Twitter estão bloqueados desde as eleições iranianas em junho, quando viraram ferramentas na luta por democracia. O YouTube já estava bloqueado. É normal que sites noticiosos como o do "New York Times" ou o da BBC saiam do ar.

Aniversários da rebelião do Tibete (março), do massacre na praça da Paz Celestial (junho), do banimento da seita Falun Gong (julho) e da República Comunista (outubro) aumentam o controle, com sites bloqueados e tráfego mais lento.

Estima-se que 30 mil censores trabalhem no governo. Os maiores portais do país, como Sina e Sohu, têm censores internos que deletam até comentários mais críticos ao governo.

Há diversos mecanismos tecnológicos (vpns, proxies) para se driblar a censura, mas pouquíssimos tentam ver o que é proibido. "Só uma pequenina minoria tem interesse ou fala inglês para tentar descobrir o que está acontecendo no mundo", diz Steven Lin, gerente do Youku. "Para a maioria, não faz diferença."

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