São Paulo possui uma câmera para cada 16 habitantes
Os habitantes da cidade de São Paulo estão cada vez mais na mira das lentes de vigilância. Dados da Abese, a associação das empresas de segurança eletrônica, mostram, na estimativa mais conservadora, que São Paulo já tem 600 mil câmeras, uma para cada 16 paulistanos, mostra reportagem de Vinícius Queiroz Galvão na Folha (íntegra disponível para assinantes do UOL e do jornal). Há dez anos, as câmeras eram 50 mil.
Quem anda num dos cinco novos vagões com ar-condicionado da linha verde do metrô não sabe, mas deveria sorrir, porque está sendo filmado. Os novos comboios têm 26 câmeras --quatro por vagão, mais duas externas no primeiro e no último carro da composição.
Instaladas recentemente até em cemitérios para evitar o furto de restos mortais e de objetos dos túmulos, as câmeras estão instaladas nas regiões com maior circulação de pessoas, como a avenida Paulista e no comércio popular da rua 25 de Março, e em bairros de maior poder aquisitivo, como Jardins, Itaim Bibi e Morumbi.
Só a prefeitura tem 3.585 câmeras, controladas em sua maioria pela Guarda Civil, pela SPTrans, pela Secretaria da Educação (para vigiar as escolas públicas) e pelo departamento de trânsito. A Polícia Militar tem mais cem instaladas e outras 30 em teste.
A reportagem completa é apenas para assinantes da folha ou do UOL, porém como a audiência é qualificada e merece um agrado o conteúdo pode ser acessado aqui.
Com a desculpa de que é para a nossa segurança, somos submetidos cada vez mais a vigilância de instituições, governos, funcionários do metrô, etc. O pior de tudo é que muitas, na grande maioria, não somos nem mesmo avisados que estamos sendo filmados. Teoricamente o único lugar que estamos livres da vigilância total é dentro de nossas casas, mas a medida que passamos muito tempo conectados na internet, onde o controle também e praticamente absoluto também estamos sendo vigiados, vide os casos Google e Nokia. Só estamos a salvo nos "pontos cegos" que são cada vez mais raros.
Em matéria recente da revista Rolling Stone** foi abordada a questão da vigilância na China, lá cada poste de luz tem sua própria câmera que conta com um sistema de tecnologia digno dos filmes de ficção. Elas são capazes de tomar decisões e além de filmar, identificam se um grande número de pessoas está se indo para a mesma direção - o que pode determinar um tumulto, ou manifestação - neste caso automaticamente a polícia é chamada. Outro avanço fantástico é que essas câmeras são capazes de identificar rostos, basicamente o governo insere no software a foto de alguém perseguido pelo regime e quando essa pessoa passar por um poste, o serviço de segurança recebe um alerta.
No futebol as câmeras cada vez mais estão sendo usadas para punir jogadores em lances que ocorrem fora do olhar dos técnicos, mas que não escapam do olhar implacável das câmeras da de televisão que estão colocadas no estádio para mostrar "todos os lances" em algulos inusitados. Globo a gente se vê por aqui. Todos estamos sendo vigiados.
Os "tontos" do Big Brother Brasil são expostos a quase dois meses de vigilância total para o Brasil inteiro, parece que a diferença é que no final um pode ganhar um milhão de reais.
Quinta-feira os carros do Google Street View começaram a filmar as principais capitais do Brasil. Recentemente o serviço teve que tirar imagens do ar por ser acusado de quebra de privacidade, teve o carro bloqueado na Inglaterra e muitas das filmagens causaram problemas ao redor do mundo.
A vigilância constante, possibilita que as pessoas sejam facilmente controladas e portanto dominadas de maneira mais eficaz seja no âmbito do governo, ou da publicidade. Mas também somos submetidos ao olhar fetiche, por exemplo, no caso dos novos carros do Metro por exemplo, as imagens são transmitidas em tempo real para dentro da cabine do condutor, quem pode garantir que ele não vai ficar lá dentro se deliciando com o decote de uma passageira? Ah, talvez ele não possa pois também deve estar sendo filmado. E mais quem garante que um dia essas imagens não vazem e sejam disponibilizadas na internet para tudo e todos?
Agora só falta a Teletela*** dentro de casa.
_______*Ponto cego são os lugares onde as câmeras não conseguem filmar.**Nem tão recente assim, é a edição de um ano atrás.
***Teletela são as cameras de vigilancia do livro 1984 que servem para monitorar e ao mesmo tempo transmitir mensagem para as pessoas que vivem sobre vigilancia total.
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