segunda-feira, 22 de junho de 2009

Connecting People ou Watching People?

Censura online do Irã é mais efetiva que 'grande firewall da China'

O sistema de censura online do Irã é mais complexo e sofisticado que o desenvolvido pela China nos últimos meses para controlar conteúdos divulgados pela internet no país, segundo reportagem do jornal The Wall Street Journal publicada nesta segunda-feira (22/06).

Tecnologias provenientes de um contrato fechado pelo governo iraniano com a Nokia Siemens no segundo semestre de 2008 permite que autoridades tenham acesso a informações publicadas em serviços online e redes sociais, trocadas por e-mails e comunicadores ou faladas por telefones celulares.

Segundo o jornal, o método empregado pelas autoridades iranianas se chama "inspeção profunda de pacotes" e desconstrói pacotes de comunicação em redes de banda larga ou telefonia celular, permitindo que o governo não apenas saiba que tipo de conteúdo está sendo compartilhado, mas também tenha a possibilidade de alterá-lo.

A lentidão na internet iraniana, sentida nos dias posteriores à confirmação da reeleição de Mahmoud Ahmadinejad, tem relação direta com a inspeção de pacotes, já que a tecnologia usada pelo governo iraniano consome muito poder de processamento e atrasa pacotes para uma checagem completa, diz o jornal.

Engenheiros ouvidos pela reportagem apotam que a solução empregada pelo Irã é ainda mais sofisticada e impactante que o "grande firewall da China", sistema de filtragem de conteúdo em desenvolvimento constante e que já consumiu milhões de dólares por parte do governo chinês.

O maior poderio iraniano teria relações com o número de internautas que cada um dos países têm - enquanto cerca de 300 milhões de chineses acessam a internet, o número não passa de 23 milhões de usuários no Irã, o que permite um hub central de filtragem que atinge quase toda a população com acesso à web do país.

As manifestações contra a reeleição de Ahmadinejad foram amplamente registradas em serviços online, com o Twitter ocupando lugar de destaque, e vêm rivalizando com a cobertura da mídia tradicional pela abundância de relatos, fotos e vídeos dos confrontos de manifestantes nas ruas de cidades do Irã.

O ponto mais fundamental do artigo é jogado "an passant" no texto. O sistema de controle, altamente repressor foi criado por nada mais nada menos que a NOKIA-SIEMENS (líder mundial em aparelhos celulares). E notem, ele é mais eficiente que o Escudo Dourado da China, cujo poder de controle pode ser conferido nesse dossie. Mais assustador que o fato de rastrear o conteúdo das conversar é que o sistemas permite que esse conteúdo seja alterado!
Sinceramente fiquei com vergonha do meu Siemens vagabundo, cuja bateria não dura um dia. Porém eu pensava em trocar ele por um NOKIA agora já nem sei se quero celular mais.
Não é de hoje que grandes empresas participam abertamente de regimes totalitários. O exemplo mais dramático é o da IBM e o Holocausto. No livro de Edwin Black ele mostra, através de uma intensa pesquisa, como a IBM participou conscientemente do Regime Nazista ajudando na identificação e catalogação das vitimas do Holocausto. O assunto do livro é deveras constrangedor e obviamente que a IBM não quis ajudar na pesquisa.
Coincidência ou não, hoje assisti um filme baseado em fatos reais, que mostra um campo de concentração médico do período Nazista, nesse lugar os prisioneiros são submetidos a todo tipo de experiência onde os médicos do regime testam os limites físicos dos prisioneiros. Sem querer entrar nos méritos estéticos do filme, que lembra os filmes "B", a história apesar de apelar um pouco para o sexo e o erotismo dá uma breve ideia dos horrores que esses prisioneiros presos com a ajuda da IBM sofreram nos campos médicos em que serviam como verdadeiras cobaias humanas, para mais informações sobre o filme clique aqui.
Obviamente que a IBM e a NOKIA-SIEMENS não são as primeiras e não serão as últimas empresas a ajudarem em regimes ditos "totalitários" mas se fosse possível seria interessante que na nossa próxima compra pesquisássemos quais são realmente as áreas de atuação das fabricas de nossos produtos favoritos e principalmente quais as "agendas"** presentes na fabricação dos produtos que utilizamos no dia-a-dia.
Essa noticia me deixou tão enojado que eu ia mandar um email para a NOKIA questionando essa posição da empresa. Claro que seria uma gota no oceano, mas se todos os consumidores fizessem o mesmo... Enfim no site da empresa só não tem endereço de email, apenas um "Fale Conosco" que só pode ser enviado se preenchermos os campos obrigatórios, dentre eles o número do meu cpf. Não mandei, fiquei cabreiro, por que se tiver um novo Holocausto a NOKIA já pode me incluir automaticamente na listagem dos que vão morrer na Câmara de Gás ou sofrer torturas participando de experiências ge(neti)nocidas.
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[*] "Connecting People" é o slogan da NOKIA-SIEMENS
[**] Agendas são os interesses ou as ideias que ficam escondidas, ou não, na fabricação de um produto, no roteiro de um programa de televisão etc. Pode ser confundida com ideologia, embora o termo seja mais abrangente.

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