sábado, 11 de julho de 2009

Manifestações Globais

Depois de China e Irã, Honduras usa web para protesto contra golpe

Jovens hondurenhos contrários ao golpe que derrubou o presidente Manuel Zelaya criaram na internet o "telegolpe", a partir de vídeos e imagens feitas com telefones celulares, e a fim de divulgar as marchas e protestos que a televisão de seu país, submetida ao controle estatal, não transmitiu.

"Nós os chamamos de 'telegolpe', porque nos canais nacionais não é possível ver a realidade do que está acontecendo. Claro, se chegarem a cortar a banda larga na internet, estamos mortos", explicou César Silva, estudante de engenharia.

Segundo Silva, 26 vídeos já foram disponibilizados no YouTube até agora, mostrando as marchas e declarações dos dirigentes que se opõem à queda de Zelaya, expulso do país no dia 28 de junho pelos militares.

"Sem dúvida, de todos os 26, o maior sucesso e o que mais procuram é o chamado 'Não está acontecendo nada em Honduras'', disse o estudante. O vídeo, disponível no YouTube, também foi "colocado em servidores da internet para evitar que seja cortada".

Nos primeiros dias depois do golpe, os militares cortaram várias rádios populares como a Rádio Progresso e a Rádio Globo. Os canais nacionais de TV precisam dar espaço, várias vezes ao dia, a uma cadeia nacional, que transmite a informação oficial.

Além disso, os serviços de TV a cabo não possuem o canal Telesur --que transmite da Venezuela--, e até a rede americana CNN foi cortada nas primeiras horas após o golpe.

No sábado, quando boa parte da população assistia à partida de futebol entre Honduras e Haiti pela Copa Ouro, nos Estados Unidos, os canais foram obrigados a interromper a transmissão para divulgar uma mensagem de sacerdotes da Igreja Católica Nacional, afirmando que o que aconteceu no país não deve ser classificado como um golpe de Estado.

A iniciativa de divulgar as imagens na internet surgiu de um grupo de estudantes de diferentes cursos das universidades de Tegucigalpa, na capital do país. "Estávamos fartos de ver que pela televisão só transmitem a voz daqueles que apoiam o golpe", disse Adriana Alvarado, estudante de jornalismo.

"Estamos divulgando o endereço do site no boca-a-boca e com panfletos, que distribuímos nas manifestações, e, ainda que em Honduras a maioria da população não tenha acesso à internet, estamos fazendo isso para que o mundo veja", declarou.


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